Superproteção X Fragilidades

Sobre superproteger e fragilizar… Recebo no consultório muitas crianças ansiosas, não dormem por dias se tem uma viagem anunciada, não conseguem esperar, não toleram perdas. Então seus pais e cuidadores, na intenção de “proteger” suas emoções, não contam nada sobre a viagem, apenas no dia anunciam a partida. Não levam no mercado se naquele dia não tem o dinheiro, esperam o próximo salário. As mais “sensíveis” são poupadas da notícia da morte de um peixinho, e antes que voltem da escola seus pais já substituíram o bichinho… Escondemos sua adoção, a morte, crises financeiras e familiares, ainda que já tenham idade para sabê-las. Pais vêm na consulta procurando então medicamentos para acalmarem sei filhos. Precisamos entender, medicações não substituem processos. Será que estamos verdadeiramente “protegendo” nossas crianças? 
Precisamos perceber a infância como uma fase de intensos aprendizados. Alimentamos sua ansiedade e insegurança quando eles entendem que escondemos deles as verdades da vida. As frustrações fazem parte deste processo. E não se preocupe em criar situações de frustrações para ensinar lições aos seus filhos, a vida já se encarrega disto. Basta a gente aproveitar a oportunidade.
Esperar para comprar algo até que se tenha condições de pagar sem fazer uma dívida, pode sim proteger seu filho do consumismo e de armadilhas nas suas futuras finanças. Chorar a morte de um animalzinho de estimação pode ser uma excelente oportunidade de a gente demonstrar empatia sobre os sentimentos deles, e de perceberem que não vivemos para sempre… Fazer um calendário colorido, colocando um x em cada dia terminado até que chegue a tão sonhada viagem, vai lhes dar ferramentas para lidar com suas emoções, com a espera por tantas coisas que enfrentarão, como o dia do casamento, da formatura, das provas, etc. As vezes temo que nós adultos é que estamos “nos” protegendo. Do trabalho de impor limites, acalmar seu choro de birra quando não são atendidos… Nos escondemos nas fragilidades naturais deles, por conta da nossa dificuldade de enfrentar com eles suas dores. Alguns pais já sofreram tanto… não querem que seus filhos sofram também… Mas dores, eles as terão… E nós, também precisamos enfrentar as nossas, para viver e deixar que vivam! 
Aprender a lidar com ansiedade, frustrações e perdas também é coisa de criança. Brincando e vivendo experiências na infância eles vão entendendo como gira a roda do mundo, e serão mais habilidosos se a gente permitir que vivam o seu tempo!

Recommended Posts

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *