Objetos transacionais do sono

Objetos transicionais de sono são  brinquedos, fraldas de pano, cobertores ou qualquer outra coisa que a criança agarra para ter segurança, principalmente na hora de dormir. 

Não é obrigatório que se tenha um, e isso varia com cada criança, família e cultura onde está inserida. Eles acalmam a criança e podem ajudar a que durma sozinha, são uma transição entre a dependência e a autossuficiência em relação à presença dos pais. Podemos lançar mão deles quando estão deixando a cama compartilhada, indo para o quarto em uma casa nova, quando um familiar está ausente e lhe faz muita falta, etc.

Devemos estar atentos:

  • para que sejam seguros. Bebês muito pequenos não devem ter como objetos transicionais fraldas ou cobertas que possam trazer risco de sufocamento. Atente também para objetos que possam se desprender e ser aspirados, como botões frouxos, olhos e nariz colados em ursinhos, etc. 
  • aos cuidados da higiene destes objetos. Existem casos onde a criança não aceita que se separe dele para lavar por exemplo, trazendo risco de contaminação e transmissão de doenças. 
  • Podem se tornar um problema se a criança não conseguir dormir sem ele. Fique atento e sempre reforce que o objeto é uma boa companhia, mas a criança não “depende” dele. 

Compartilho com vocês que eu tinha um “travesseiro” chamado “cheirinho”. Foi trocado algumas vezes ao longo dos anos. Desde pequena, não que tenha crescido tanto, eu dormia abraçada com ele… até casar! Casei e passou, coincidência ou sabedoria da vovó? kkkkkk

E na sua casa, as crianças usam também? Foi difícil se desfazer deles? Me conta!!

As telinhas e o sono das crianças

Dormir não é perda de tempo. Embora crianças lutem contra ele para aproveitar o máximo do tempo para brincar, e os adultos o negligenciem tanto em favor do trabalho ou de entretenimento, este é um hábito que precisamos tornar mais saudável em todas as gerações.  

A combinação do sono com os aparelhos eletrônicos e as telas pode ser muito prejudicial. Por isso a OMS e Sociedade Brasileira de Pediatria tem apresentado as orientações de tempo limite desta exposição para cada faixa etária. 

Até os dois anos a recomendação é não exposição às telinhas! Parece utópico nos tempos de hoje quando muitos bebês já não fazem suas refeições se não estiverem hipnotizados por um desenho no celular. Mas vamos lembrar que a humanidade chegou até aqui sem essa tecnologia? 

Até os cinco anos a orientação é de exposição de 1 hora por dia, sempre sob supervisão dos pais, e a partir desta idade, em torno de 2 horas ao dia, também sob supervisão dos pais. 

No entanto por conta da pandemia, da ausência do convívio escolar das crianças e a necessidade do distanciamento social, houve um incremento do tempo de tela que as crianças e adolescentes estão expostos. Especialmente os em idade escolar que estão cumprindo as aulas em EAD estão conectados muitas horas do dia. Então, ainda que uma flexibilização nestes limites seja inevitável, também não podemos negligenciar os efeitos negativos deste contexto sobre o sono. 

Primeiro, a luz emitida pela tela destes dispositivos inibe a liberação da melatonina, um hormônio responsável por avisar seu corpo que ele precisa dormir. O sono é indispensável ao bom equilíbrio das funções cerebrais, habilidades adquiridas, sedimentar os conhecimentos e aprendizados do dia, além de ter relação com a defesa imunológica de cada indivíduo. Para um bom ciclo de sono-vigília devemos manter a luminosidade natural do dia, e ao anoitecer, preservar o ambiente sem luz para iniciar o sono. A melatonina é naturalmente secretada ao escurecer, e infelizmente tem sido bloqueada por hábitos ruins de rotinas pré-sono, e buscada com frequência como alternativa medicamentosa buscando burlar os processos fisiológicos. 

Depois, devemos lembrar que especialmente entre os pequenos, não há clara distinção entre o real e o virtual. Embora eles estejam com o corpinho parado, seu cérebro está excitado demais, inundado com uma imensa gama de estímulos visuais e sonoros, e isto vai impactar negativamente na qualidade do seu sono. 

Um estudo recente com 900 crianças em idade pré-escolar feito pela EPM/Unifesp com crianças entre 4 e 6 anos demonstrou que o uso excessivo de mídias de tela aumentou o risco de sedentarismo, habilidades motoras mais pobres e redução das horas de sono. Essas crianças já tinham tempo de tela diário médio de 3 horas antes da pandemia, e esse número subiu para no mínimo 6 horas ao dia. Esse número era ainda maior em algumas famílias, e os impactos negativos proporcionalmente cada vez maiores. 

Então, vamos refletir sobre a qualidade do nosso sono e fazer boas escolhas! 

E o sono da criançada, como vai?

Como vai o sono da criançada? 😴

A pandemia trouxe ainda mais dificuldades para muitas famílias na hora de dormir. Mas um sono de qualidade, reparador, é uma necessidade que continua indispensável para adultos e crianças. 

Se dormirem pouco ou mal, especialmente as crianças ficam mais irritadas e agitadas, perdem rendimento escolar e também sofrem impactos na imunidade. A higiene do sono é uma série de comportamentos, condições do ambiente (como luz, ruidos, etc), e outros fatores relacionados ao sono que podem afetar seu início e manutenção, e compreender esses fatores pode ser a chave para resolver alguns problemas. 

Segue algumas dicas para regularizar esse aspecto importante da rotina da sua casa. 

– Mantenha uma rotina, com horários estabelecidos para dormir e acordar. Especialmente as crianças que estudam pela manhã, deveriam preferencialmente manter seus horários de aula mesmo na pandemia. 

– Tenha persistência nas rotinas, especialmente quando já tinham problemas para dormir e estão estabelecendo novos padrões. Na maior parte das vezes não será um processo imediato. 

– Coloque preferencialmente a criança sempre ainda acordada em sua cama ou berço. Lembre-se que o ritual de sono será repetido durante a noite quando houver os despertares noturnos, normais também na infância. Se as crianças precisam ser embaladas, dormem na cama dos pais, etc, vão precisar deste mesmo processo para reiniciar o sono sempre que acordarem, e ficam muito mais inseguras se acordam em um ambiente diferente de onde dormiram (ex, dorme no colo e é colocado na cama dormindo). 

– As sonecas do dia são bem vindas até 5 anos e devem ser estimuladas, tendo o cuidado de evitar que aconteçam muito no entardecer, pois isso dificultará a manutenção das rotinas do horário do sono da noite. 

– Estabeleça desde cedo as “rotinas do sono”. Aquela sequência de atividades que mostram para a criança que está chegando a hora de dormir. O banho é um excelente marcador inicial. Traz relaxamento e inicia o processo de “desaceleração” das crianças para a hora de dormir. 

– Mudanças, doenças ou viagens podem alterar as rotinas do sono. Tudo bem. Com paciência retomamos a rotina habitual. 

– O ideal seria pelo menos duas horas antes de dormir, desligar as telas (televisão, videogame, tablets, celulares, etc), pois eles promovem um estado de excitação cerebral. Atrapalham a conciliação do sono. Aqui há frequentemente um grande equívoco dos pais, que pensam ser adequado o uso destes recursos, pois as crianças ficam “quietinhas” para dormir vidradas nas programações. Mas não se engane. Ali é apenas um corpinho parado. Seu cérebro está sendo hiper estimulado, e será mais difícil dormir bem. 

– Prefira momentos mais tranquilos e com menos estímulos à noite, como leitura, músicas mais tranquilas, massagem, conversar sobre como foi seu dia, etc. 

– Evite alimentos ou medicações estimulantes próximo da hora    de dormir, como chocolate, refrigerantes, chá mate ou cafeinados. 

– Ao anoitecer, reduza a iluminação dos ambientes, especialmente evitando a luz branca. Evite luzes acesas no quarto. Elas inibem a secreção da melatonina. Um hormônio responsável pela indução do sono. Durante as sonecas do dia a iluminação pode permanecer natural, para que desde cedo eles estabeleçam a regulação do ciclo sono-vigília. 

– Se precisar atender a criança durante a noite, use luz fraca, fale baixo e que seja breve, para evitar os estímulos. 

– Mantenha a temperatura do quarto agradável, e seja sensível aos sinais de desconforto da criança quando colocamos roupa demais e a criança tem despertares muito suada, tira sempre as cobertas durante a noite. É frequente que os pais usem mais roupas ou cobertas a noite do que a criança precise ou deseja. Também estar atento às que preferem ficar mais agasalhadas. 

– Alguns sinais para que você perceba se a quantidade de sono diária do seu filho é adequada, é quando a criança acorda sem dificuldades, sem sonolência excessiva durante o dia, e sem afetar seu humor e funções cognitivas como memória e atenção. 

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